(04:40 h)
ao homem livre
digo adeus tristemente
lembre-se
a vida é treino
treinamos para a amnésia
somos o prenúncio
do esquecimento
disse ele
que se foi
como veio
a minha triste tribo
está recolhida
não há como medir o silêncio
piso em um milhão de anos
a cada passo
e não há como medir o silêncio
dentro do próprio silêncio
entretanto
coleto as sombras do viaduto
uma a uma elas também me agarram
sou como uma sombra que anda
o nome da minha aldeia é imensidão
eis a labuta
novamente
eis o cansaço
vagar de um extremo ao outro
tendo a História enredada na pele
agora sei que meu nome é passado
deixo a vocês
como testamento
um antro de miséria
e riqueza
atrás de cada porta
uma língua decepada
ao dobrar a esquina
um cão sonolento
desejando afago
e luzes
a todos vocês
deixo
um corolário de luzes
a cada piscar de olhos