(12:04 h)

um mês
um século
um dia
um ano
que diferença faz?
tenho a eternidade toda corroendo meu crânio
um carcinoma um monstro
um caranguejo rastejando
uma constelação
um universo
de dores
compactadas
numa noz
em meu cérebro
quanto tempo quanto tempo
quanto tempo?
um mês no mais tardar
e tudo
estará resolvido
trago um livro de receitas
uma calhamaço gigantesco
enfiado nos bolsos
pelo menos a dor será devidamente embalsamada
pela morfina
quantidade sufuciente para anestesiar
a cidade
sou um homem feliz
finalmente
tenho a liberdade me desapertando o pescoço
uma gravata
atirada
à lixeira
que é o mundo
e assim caminho
em direção ao Paraíso