(18:32 h)
e recita:
Noite! Já vi demais a pupila dos homens!
e deixa em minhas mãos a minúscula caixa
e desaparece
ele
e desapareço
eu
para dentro da pupila dos homens
e quando
imediatamente
me volto
vejo o brilho milenar de todos os olhares
no centro
da palma
da minha mão
e quando
destampo a caixinha
um a um
os meus pertences por ela desaparecem
o bloco de anotações
com o esboço
do homem desesperado
o que restou dos quartilhos
apenas um ainda pela metade
o que restou das carteiras
de tabaco dourado
as pílulas todas as pílulas
as que despertam e as que adormecem
e as dores
estão sendo sugadas
a noite
a tempestade dos homens está sendo sugada
os relâmpagos estão sendo sugados
as músicas da minha caixinha de músicas
os fones de ouvido
os documentos
os cartões de crédito
até a apólice de seguro
está sendo sugada
menos o meu dinheiro
o calhamaço de notas
que conservo nos bolsos
tampo a caixinha
e a escondo na palma da mão
agora sim
posso prosseguir