(13:43 h)

entre o temor e a esperança
eis que
o frescor
o silêncio
e o sagrado
se acomodam
nesta cavidade
do meu peito
entre a ternura e o horror
tão íntimos
neste meu profundo
momento de adoração
aos aparatos imaculados
da santíssima igreja
católica apostólica romana
entre a paz e a guerra
entre exércitos de santos
entre homens armados
entre virgens armadas
com suas palavras únicas
e verdadeiras
contemplo
o esplendor sacrossanto
da conciliação
do temor com a esperança
da crença do eterno com a descrença
de tudo aquilo que é finito
tanta prepotência
o domo do templo desdobra a tua face
senhor
tanta arrogância
num altar onde não cabemos
nós
pecadores
seres sem misericórdia
sem divindade
nós que aterrorizamos
a nós mesmos
que torturamos
a nós mesmos
que odiamos
que cavamos este vale
com nossas mãos impuras
entre o temor e a esperança
me deixo levar por todas as farsas
as mentiras
a crueldade
da sua santíssima igreja
católica apostólica romana
eis que
nada se detém aqui dentro
no centro do meu peito
eu que em nada creio
assim mesmo agradeço em nome
de todos os homens
impiedosamente esquecidos ou massacrados
para que a sua glória
permanecesse
eu agradeço
pela graça destes momentos
em sua sagrada nave
pelo frescor
pelo descanso
e pelo silêncio